Eis algumas particularidades que se nos apresentam sobre Maria Madalena.
Amar a Deus, amar quem é infinitamente amável, é o que há de mais doce, de mais fácil, de mais feliz; amar a Deus é a felicidade dos santos, é a felicidade do céu. Entretanto, essa é no funfo a única penitência que Deus pede ao pecador; todas as outras tendem somente a nos fazer chegar àquela. Sim, para nos perdoar logo todos os pecados que tivéssemos podido cometer, a grande pena que Deus nos impõe é, de todas as coisas, a mais doce e a mais fácil; é o que faz a felicidade dos santos sobre a terra e no céu, é amá-lo de todo nosso coração e com toda nossa alma. Desde que o ama assim, de pecador torna-se justo, de mau torna-se bom, do inferno está no paraíso. Oh! Quem não amaria um Deus tão bom!
Aconteceu depois que Jesus ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o reino de Deus; e os doze estavam com ele e algumas mulheres, que tinham sido curadas dos espíritos malignos e de enfermidades. Maria, que se chamou Madalena, da qual sete demônios tinham saído e Joana, mulher de Chusa, procurador de Herodes e Susana, e várias outras, que o ajudavam com suas posses
Era costume entre os israelitas, como sabemos de São Jerônimo, eu os profetas que iam anunciar a palavra de Deus, fossem mantidos com víveres e vestes, por piedosas mulheres. Vimos mesmo exemplos, em Elias e Eliseu.
Outra vez, quando Jesus veio a Jerusalém, ainda no arrabalde, uma mulher chamada Marta o recebeu em casa. Tinha uma irmã, chamada Maria, a qual, tendo-se sentado aos pés de Jesus, lhe escutava as palavras.
Ora, Marta, estava ocupada com muitos cuidados para o servir; ela deteve-se e disse: Senhor, não vedes que minha irmã me deixa sozinha para o servir? Dizei-lhe que me venha ajudar. E o Senhor, respondendo, disse-lhe: Marta, Marta, vós vos preocupais demasiado com muitas coisas. Entretanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte que jamais lhe será tirada.
Marta é a imagem da vida ativa. Maria a imagem da vida contemplativa; são irmãs, estreitamente unidas uma à outra; tem ambas o mesmo objetivo, agradar a Jesus, mas uma a isso tende, por meio de muitas ações exteriores, a outra, por um caminho mais direto, a vista do mesmo Jesus, o amor de sua palavra. Toda vida cristã tem por fim último ver, contemplar eternamente a Deus, em si mesmo. A vida, portanto, que faz seu fim principal exercitar-se desde este mundo, na
Ora, havia um homem doente, chamado Lázaro, de Betânia, da vila de Maria e Marta, sua irmã. Maria era aquela que tinha derramada perfume sobre o Senhor. E lhe enxugara os pés com os cabelos; e seu irmão Lázaro estava doente. As irmãs, então, mandaram chamá-lo dizendo: Senhor aquele a quem amais está doente. O que Jesus ouviu e disse: Essa doença não é mortal, mas para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus com isso seja glorificado.
Ora, Jesus amava Marta e sua irmã e Lázaro. Tendo, então, sabido que estava doente, ficou dois dias no lugar onde se encontrava. Lázaro morreu e Jesus veio para o ressuscitar. Marta foi falar com Jesus e depois voltou chamar a irmã. Em segredo, dizendo: O Mestre estava em sua casa, correu para ele. Ora, Jesus não tinha ainda chegado à casa, mas estava no lugar em que Marta o tinha encontrado. Os judeus que estavam com ela na casa, a consolavam, quando viram que Maria se levantara e saíra; seguiram-na, dizendo: ela vai ao sepulcro chorar. Quanto então Maria chegou ao lugar onde Jesus estava, tendo-o visto, atirou-se-lhe aos pés e disse-lhe: Senhor, se tivésseis estado aqui, meu irmão não teria morrido! Quando Jesus a viu chorando e os judeus, que tinham vindo com ela, também choravam, estremeceu no espírito e comoveu-se. E disse: Onde o pusestes? Eles lhe disseram: Senhor, vinde e vede. E Jesus chorou. Depois, exclamou em voz alta: Lázaro, vem, para fora! E imediatamente o morto saiu vivo.
Algum tempo depois, seis dias da última Páscoa, Jesus veio à Betânia, onde tinha morrido Lázaro que ele ressuscitara. Deram-lhe de comer, na casa de Simão, o leproso, (assim chamado porque o tinha sido). Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Ora, Maria tomou um vaso de uma libra de verdadeiro nardo, perfume precioso e o derramou sobre os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos. Depois, tendo quebrado o vaso espalhou o resto do líquido sobre sua cabeça, enquanto ele estava à mesa, e a casa se encheu do odor do perfume. Então um dos discípulos, Judas Iscariotes, o que o devia entregar, disse: Por que não se vendeu esse perfume por trezentos dinheiros e não se deu esse dinheiro aos pobres?
No Calvário, perto da Cruz, com Maria, mãe de Jesus, e a irmã de sua mãe, estava Maria Madalena. E, quando se depositou o corpo de Jesus no sepulcro, Maria Madalena e a outra Maria, que tinham vindo da Galiléia com Jesus, estavam lá e se conservavam sentadas, perto. Observavam o túmulo e como seu corpo lá tinha sido colocado. Depois, dento voltado, preparavam perfumes e aromas, para embalsamar o corpo; ficaram em repouso no dia de sábado, segundo a lei. No primeiro dia da semana, ou domingo, vieram de manhã bem cedo ao sepulcro, que encontraram vazio.
As outras voltaram e Maria Madalena ficou de pé, ao lado de fora do sepulcro, chorando. Enquanto chorava, abaixou-se e olhou ao sepulcro; viu então dois anjos, vestidos de branco, sentados onde estava depositado o corpo de Jesus, um à cabeceira, e o outro aos pés. Disseram-lhe: Mulher, por que chorais? Respondeu-lhes: Levaram o corpo de meu Senhor e não sei onde o puseram. Depois que disse isso, voltou-se e viu Jesus de pé: não sabia que era Jesus. Jesus disse-lhe: Mulher, por que chorais? A quem procurais? Ela, julgando que era o jardineiro, disse-lhe: Senhor, se o tirastes daqui, dizei-me onde o pusestes e eu o irei buscar. Jesus disse-lhe: Maria! Ela voltou e disse-lhe: Rabboni! O que significava meu Senhor. Jesus disse-lhe: não me toques; pois ainda não subi ao Pai; ide somente a meus irmãos e dizei-lhes: Eu vou ao meu Pai, e vosso Pai, ao meu Deus e vosso Deus.
Assim, Santa Maria Madalena foi encarregada por Nosso Senhor de levar a seus apóstolos a mais feliz das notícias, sua gloriosa ressurreição; e depois com sua irmã e seu irmão ressuscitado, veio anunciá-la à feliz nação da França. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XIII, p. 259 à 267) Saiba mais: CLIQUE AQUI