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Comunidade Paroquial Comemora O Dia Da Padroeira

Depois de nove dias de oração com a Novena de Santa Luzia, a comunidade comemorou a festa da padroeira – invocada pelos fiéis como a protetora dos olhos – com um dia intenso de oração e agradecimento. A primeira missa do dia 13 de dezembro foi celebrada às 7h pelo pároco, padre Robert Chrząszcz; seguida de uma Missa Solene, presidida pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta e concelebrada por diversos padres do Vicariato de Jacarepaguá, entre eles: monsenhor Jan Kaleta, padre Evandro José da Silva, padre Marcos Vinicio Miranda, padre Sebastião Cintra, padre Zdzislaw Stanislaw Blaszczyk (Pe. Tiago) e padre Bouguslaw Batkiewicz (Pe. Ricardo). Na homilia, o Cardeal relacionou a padroeira às virgens previdentes, citadas no Evangelho próprio dos santos. “Assim como na parábola das jovens e as lâmpadas de óleo, que nunca falte azeite nas nossas lâmpadas. Que nenhuma doença ou impedimento na visão, nos prive de ver com os olhos da fé. Que Santa Luzia interceda por nós, para que nossas lâmpadas estejam sempre acessas e enxerguem a luz de Deus em nossas vidas”. Dom Orani explicou que Santa Luzia faz parte das sete mulheres mencionadas no Cânon Romano (Oração Eucarística I), como verdadeira testemunha de Cristo Jesus. Ele ainda ressaltou o testemunho da santa de Siracusa, que viveu apaixonada por Cristo, e no momento do martírio, quando foi obrigada a deixar a fé, não o fez. “Agradecemos a Deus pelo testemunho de Santa Luzia e pedimos que ela nos ajude a permanecermos firmes em meio a tantas coisas que fazem contra Cristo. Mostremos para as escuridões desse mundo que Jesus é nossa luz”, pontuou. Ao final da celebração, o Arcebispo abençoou uma placa que data a festa de Santa Luzia do ano de 1957 e marca a memória da comunidade. Ele ainda fez uma oração e deu a bênção dos olhos. Após a Santa Missa, os padres concederam uma bênção individual a todos os fiéis presentes. Às 12h, a Santa Missa foi celebrada pelo padre Silvio Klebson, da Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Curicica.  Ele nos lembrou da fidelidade da jovem mártir, que viveu totalmente voltada para Deus. “Hoje precisamos olhar para a vida de Santa Luzia e avaliar a nossa relação com Deus, nossa vida de oração e sacramental, nossa caridade e amor para com o próximo. Será que temos imitado Santa Luzia, sendo portadores da luz para nossos irmãos que estão nas trevas? Será que estamos com os olhos fixos no Senhor? Essa jovem santa nos convida a renunciarmos a nossa vontade para fazermos a vontade de Deus; a estarmos com os olhos fixos na Cruz de Cristo para vencermos as tribulações”.   Às 15h uma Adoração ao Santíssimo Sacramento e a recitação do Terço da Misericórdia, transmitidos ao vivo pela página da paróquia no Facebook, deram continuidade a festa de Santa Luzia. Da Ordem dos Frades Menores Conventuais, Frei Luiz Fernando Lima Rangel celebrou a missa das 17h30. Sacerdote fruto da Paróquia Santa Luzia, ele salientou a figura da padroeira como mulher que se doou inteiramente a promessa do Senhor e lutou para que não tirassem dela a força do Espírito Santo.  “Santa Luzia teve consciência de que não são as coisas do mundo que precisam ser mudadas, mas as motivações que temos internamente. Muitas vezes os valores e modelos do Evangelho foram esquecidos por nós.  O que basta para nós hoje? O que é preciso fazer para viver o martírio no nosso tempo? Hoje temos a consciência de que devemos rever nossa ação pastoral e evangelizadora. Ir contra o relativismo, escolhendo a consciência reta do Evangelho”.  Frei Luis falou ainda sobre os pecados que nós, cristãos católicos, estamos propensos a cometer, mas achamos que são indiferentes.  “Se cremos em Deus devemos esquecer os pecados que o mundo nos incentiva a fazer. Coisas simples como furar a fila do banco, se aproveitar para conseguir algo fácil quando conhecemos amigos, faltar às missas dominicais. Precisamos lembrar que quando esquecemos as coisas eternas que vem de Deus, pecamos.  O foco em Deus, pelo contrário, gera conhecimento acerca do noivo que nos espera. Hoje é uma oportunidade para que os olhos de nossas almas sejam purificados, lavados pela água nova do Espírito Santo. Santa Luzia, ofertando seus olhos, deu ao mundo a possibilidade de enxergar os bens que vem de Deus”, acrescentou.  Às 19h formou-se um cortejo que seguiu em procissão pelas ruas da comunidade. A imagem da mártir Santa Luzia estava ornada com muitas rosas e o povo aclamava com jubilo sua intercessão.   A igreja lotada e festiva acolheu a última celebração do dia, às 19h30. A Santa Missa Solene foi presidida pelo Bispo Auxiliar Dom Luiz Henrique da Silva Brito que frisou ser a cegueira espiritual, o maior mal existente na vida do cristão.  “A cegueira começa pela indiferença, pelo orgulho, pela prepotência. Quando há cegueira espiritual, só enxergamos o outro distorcido. Por este motivo, devemos pedir ao Senhor, por intercessão de Santa Luzia, que nos ajude a enxergar melhor”, exortou.  Uma festa no pátio encerrou o dia dedicado à Santa Luzia. Com barraquinhas e show da Banda paroquial Chão e Paz, os fiéis puderam confraternizar com os amigos e a comunidade paroquial. 

Santa Luzia

Luzia (ou Lúcia), virgem de Siracusa, de origem nobre, ouvindo falar por toda a Sicília da celebridade de Santa Ágata (ou Águeda), foi até o túmulo dela com a mãe, Eutícia, que havia quatro anos sofria de hemorragias sem esperanças de cura. Naquele dia lia-se na missa a passagem do Evangelho na qual se conta que o Senhor curou uma mulher que padecia da mesma doença. Lúcia disse então à mãe: “Se você acredita no que foi dito, deve acreditar que Ágata está na presença Daquele por quem sofreu. Portanto, tocando seu túmulo com fé, logo você estará totalmente curada”. Lúcia se referia ao Evangelho de Mateus referente ao encontro da mulher que sofria de hemorragia e foi curada ao tocar o manto de Jesus. Ágata foi vítima, no ano 251, das perseguições de todos os cristãos ordenadas pelo imperador Décio. Muitas pessoas iam ao sepulcro para obter as graças porque a fama da Santa se espalhou por todo lugar por causa dos milagres que fazia. e no seu coração, Luzia era certa que teria feito bem também à sua querida mãe. Enquanto Eutícia tocava o sepulcro, Luzia viu Santa Ágata, que lhe disse “Luzia, minha irmã, porque pedes a mim aquilo que tu mesma podes obter para a tua mãe? Eis, tua mãe já foi curada pela tua fé”. Luzia disse à mãe: “Pela intercessão de Santa Ágata, Jesus te curou”. E imediatamente Eutícia sentiu retornar as forças e compreendeu que tinha sido curada. Luzia compreendeu que aquele era o momento justo para revelar a sua mãe a intenção de consagrar-se a Jesus e doar sua riqueza. Eutícia, que tinha o coração repleto de agradecimento pela graça recebida, aceitou. Voltando para casa, passaram todo o dia a vender uma parte dos bens, distribuindo o dinheiro aos pobres. A notícia da partilha do patrimônio chegou aos ouvidos do noivo, e ele perguntou a razão daquilo à mãe de Lúcia. Esta respondeu que sua filha havia encontrado um investimento mais rentável e mais seguro, daí estar vendendo seus bens. O insensato, crendo tratar-se de um comércio plenamente humano, passou a colaborar na venda daqueles bens, buscando os melhores negócios. Quando soube que tudo que fora vendido tinha sido dado aos pobres, o noivo levou-a à justiça, diante do cônsul Pascásio, acusando-a de ser cristã e de violar as leis imperiais. Pascásio convidou-a a sacrificar aos ídolos, mas ela respondeu: “O sacrifício que agrada a Deus é visitar os pobres e prover às suas necessidades, mas como não tenho mais nada a dar, ofereço a Ele a mim mesma”. Como dava extrema importância à virgindade, o governante mandou que a carregassem à força a um prostíbulo, para servir à prostituição. Conta a tradição que, embora Luzia não movesse um dedo, nem dez homens juntos conseguiram levantá-la do chão. Foi, então, condenada a morrer ali mesmo. Os carrascos jogaram sobre seu corpo resina e azeite ferventes, mas ela continuava viva. Somente um golpe de espada em sua garganta conseguiu tirar-lhe a vida. Era o ano 304. Santa Luzia, antes da execução, preanunciou a morte de Dioclesiano, que aconteceu poucos anos depois e o final das perseguições terminadas no ano 313 D.C com publicação de Constantino. Luzia foi morta no dia 13 de Dezembro de 304 e teve sepultura no mesmo lugar onde no ano 313 foi construído um santuário a ela dedicado. Para proteger as relíquias de santa Luzia dos invasores árabes muçulmanos, em 1039, um general bizantino as enviou para Constantinopla, atual território da Turquia. Elas voltaram ao Ocidente por obra de um rico veneziano, seu devoto, que pagou aos soldados da cruzada de 1204 para trazerem sua urna funerária. Santa Luzia é celebrada no dia 13 de dezembro e seu corpo está guardado na Catedral de Veneza, embora algumas pequenas relíquias tenham seguido para a igreja de Siracusa, que a venera no mês de maio também. Santa Luzia salvou tantas vezes Siracusa nos seus momentos mais dramáticos, como carestias, terremotos, guerras e interviu também em outras cidades como Brescia que, graças à sua intercessão, foi liberada da uma grave carestia. Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão (“Luzia” deriva de “lux” = luz), já era exaltada desde o século V. Além disso, o papa Gregório Magno, passado mais um século, a incluiu com todo respeito para ser citada no cânone da missa. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira. Por esse motivo, Dante Alighieri, na Divina Comédia, atribui a Santa Lúcia ou Luzia a função de graça iluminadora. Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje. A Igreja também celebra hoje a memória dos santos: Otília e João Marimoni.