Mês Da Bíblia: Introdução às Sagradas Escrituras
A Igreja dedica o mês de setembro às Sagradas Escrituras, a Bíblia. O mês de setembro foi escolhido como mês da Bíblia porque no dia 30 de setembro é dia de São Jerônimo (ele nasceu em 340 e faleceu em 420 dC). São Jerônimo foi um grande biblista e foi ele quem traduziu a Bíblia dos originais (hebraico e grego) para o latim, que naquela época era a língua falada no mundo e usada na liturgia da Igreja. Hoje a Bíblia é o único livro que está traduzido em praticamente todas as línguas do mundo e está em quase todas as casas, talvez nem fazemos ideia, mas a Bíblia é o livro mais vendido, distribuído e impresso em toda a história da humanidade. A Bíblia é a coleção de textos sagrados que surgiram num período de mais de 1000 anos. Porém, é importante lembrar que a Bíblia não é um(1) livro, mas uma coleção de livros, uma verdadeira biblioteca. Por isso podemos chamar a Bíblia de Sagradas Escrituras, por ser uma coleção de escritos. Como a lista de livros da bíblia (chamado de cânon das Escrituras) foi discernida pela Igreja? “Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados. Esta lista completa é denominada “Cânon” das Escrituras. Ela comporta 46 escritos para o Antigo Testamento e 27 para o Novo” (Total de 73 livros na Bíblia). (Catecismo da Igreja Católica, §120) A tradição apostólica, ou seja, o ensinamento dos apóstolos, transmitido pela Igreja, é que garante o correto discernimento de quais livros são verdadeiramente inspirados por Deus. Para um católico, não existe Bíblia sem Igreja. Não podemos, de forma isolada ou individual, ler a Bíblia e interpretá-la. Devemos seguir o ensinamento da Igreja para verdadeiramente saber o correto ensinamento da revelação divina. Da mesma forma que a Bíblia foi gerada na Igreja, ela deve ser lida através da Igreja. A livre interpretação da Bíblia leva ao enorme problema que vemos hoje: a falta de unidade da fé cristã e a relativização do ensinamento de Cristo. Diante disso, podemos afirmar como Santo Agostinho: “Eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja Católica.” Só podemos crer que as Sagradas Escrituras são verdadeiramente a palavra de Deus pois a autoridade da Igreja nos diz que é. É nesse espirito, como filhos da Igreja, que devemos abordar os textos bíblicos. Por que a Sagrada Escritura ensina a verdade? “Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura; por isso se diz que ela é inspirada e ensina sem erro as verdades que são necessárias à nossa salvação. Com efeito, o Espírito Santo inspirou os autores humanos, que escreveram o que ele quis nos ensinar. A fé cristã, todavia, não é “uma religião do Livro”, mas da Palavra de Deus, que não é uma palavra escrita e muda, mas o Verbo encarnado e vivo” (Compendio do Catecismo da Igreja Católica, 18) Como achar um texto na Bíblia? Para indicar uma passagem bíblica é suficiente citar o livro, o capítulo e o versículo. Indica-se o livro pela sua abreviação ou sigla. A primeira cifra numérica indica o capítulo e a segunda cifra, separada por uma vírgula, indica o versículo. Eis alguns exemplos: a) Gn 3,1: livro do Gênesis, capítulo terceiro, versículo 1. b) Gn 3, 1-10: livro do Gênesis, capitulo terceiro, versículo um a dez. Como ler a Bíblia? (Lectio Divina) A forma de ler a Bíblia mais utilizada na Igreja é a chamada Leitura Orante, ou em latim, Lectio Divina. Ela se divide em 4 partes: Leitura da Palavra de Deus: Leia, com calma e atenção, um pequeno trecho da Bíblia (aconselhamos que nas primeiras vezes utilize-se os textos dos Evangelhos, por serem mais familiares a todos). Se for preciso, leia o texto quantas vezes forem necessárias. Procure identificar as coisas importantes deste trecho da Bíblia: o ambiente, os personagens, os diálogos, as imagens usadas, as ações. Você conhece algum outro trecho que seja parecido com este que leu? É importante que você identifique tudo isto com calma e atenção, como se estivesse vendo a cena. É um momento para conhecer e reconhecer a Boa Notícia que este trecho nos traz! Meditar a Palavra de Deus: É o momento de descobrir os valores e as mensagens espirituais da Palavra de Deus: é hora de saborear a Palavra de Deus e não apenas estudá-la. Você, diante de Deus, deve confrontar este trecho com a sua vida. Feche os olhos, isto pode ajudar. É preciso concentrar-se! Rezar a Palavra de Deus: Toda boa meditação desemboca naturalmente na oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. É um diálogo pessoal! Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vai no coração depois da meditação: se for louvor, louve; se for pedido de perdão, peça perdão; se for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez, peça os dons da fé e esperança. Enfim, os momentos anteriores, se feitos com atenção e vontade, determinarão esta oração da qual nasce o compromisso de estar com Deus e fazer a sua vontade. Contemplar a Palavra: Desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus e sua presença misteriosa, sim, mas sempre presença. É um momento no qual se permanece em silêncio diante de Deus. Se ele o conduzirá à contemplação, louvado seja Deus! Se ele lhe dará apenas a tranqüilidade de uns momentos de paz e silêncio, louvado seja Deus! Se para você será um momento de esforço para ficar na presença de Deus, louvado seja Deus! Para saber mais sobre a leitura orante da Bíblia, veja esse vídeo: “A Igreja “exorta com veemência e de modo peculiar todos os fiéis cristãos…a que, pela frequente leitura das divinas Escrituras, aprendam ‘a eminente ciência de Jesus Cristo’ (Fl 3,8). ‘Com efeito, ignorar as Escrituras é